terça-feira, 23 de abril de 2024

Duas ou três palavras(brutais) Sobre as organizações de esquerda III

 

Continuando com as consequencias  da “ desconfiança organizada”,nós podemos dizer que tais conceito e prática firmam uma natureza totalmente distorcida do processo revolucionário e da atitude revolucionária.

A politica revolucionária não é um jogo e não é uma aventura.Stalin vivia acusando os opositores de serem “ aventureiros”,mas ele (também)era.

O comportamento profissional da atividade revolucionária e do revolucionário é cabível sim na luta.É por isto que a direita acertadamente acusa a ideologia de “diletante”.

Nelson Rodrigues cansou de dizê-lo e estava certo.

A politica em geral,e não só ideológica,parece ter sido influenciada por estes comportamentos,que só vão acrescentando distorções à revolução:de prática politica baseada na justiça e na disciplina austera e republicana ,ela se torna uma aventura destinada  a tirar o revolucionário da mediocridade de sua vida.

O revolucionário entra no processo para fazer justiça,para lutar por justiça,não é para fazer algo que o torne conhecido.

E dentro desta perspectiva tudo é válido para se obter o que se quer.

A politica ideológica se transforma num jogo,num jogo de poker,em que tem que estar atento para não ser enganado.

A minha experiência pessoal indica exemplos disto aí.Eu entrei num setor cultural do partido comunista e o responsável lá me colocou numa fraude,que eu só percebi depois.

Depois,prosseguindo no jogo,me colocou diante de pessoas,sem dizer que precisava de um palestrante para chamar mais gente para esta área cultural(Instituto Astrojildo pereira).Como eu não sabia do que se tratava fiz um trabalho ruim e ele me escanteou para favorecer outro militante,que não sabia nada de marxismo.

Ele o fizera já com esta intenção.O comportamento profissional era dizer o que ele precisava e eu me preparava.

Existe politica ideológica profissional sim.

domingo, 21 de abril de 2024

Eu sou que nem Machiavel(KKKK)

 

Com este título eu já vou criar barreiras na apreciação do meu artigo e do meu trabalho.Borges disse uma vez:“talvez seja imprudente começar a escrever”.

Eu vivo numa época diferente daquela quando era criança:só se falava em  cientistas e criadores em geral.

Todo domingo no Fantástico ,aparecia sempre um intelectual,um cientista ,um criador em qualquer área.Não era como hoje em que os “ heróis” são Suzane Richthoffen ,Xampinha...

Após o fim da ditadura,novas manifestações culturais se fizeram presentes  e tudo estava bem.

Mas a partir do final dos anos 80 o fim da criação,o fastio com os intelectuais ,que caíram junto com o muro de Berlim e o fim da URSS,criou esta sociedade do espetáculo,do fake,destinada a reproduzir capital sem nada no meio.

O meu objetivo não compreendido aqui não é aparecer.Eu sei que há muitos invejosos que insistem em me tachar ,mas o que eu quero fazer aqui é aquilo que Darci Ribeiro(mal comparando)disse uma vez: “ficar na cacunda dos homens para poder instá-los a mudar o mundo para melhor”.Só isto.

O reconhecimento que eu peço não é para ser exaltado,participar de festas ,ser olhado por meninas e ter sucesso,como quem bebe champanhe no café da manhã.

Eu sempre quis contribuir para o meu páis e para a humanidade ,por mínimo que fosse esta contribuição.

Dizem que o “Principe” de Maquiavel é um pedido de emprego aos Medici ,para orientá-los a unificar a Itália ,tarefa histórica,que ele Machiavell desejava realizar.Para ele o inferno era “querer fazer as coisas e não poder,porque os outros põem barreiras irracionais ao seu ´direito´”.

Não pude fazer  politica,porque jamais aceitaria e compactuaria  com os modos de fazê-la hoje em dia:como um negócio,em que vale tudo,principalmente o que está errado.

Por isto eu escrevo.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

O que o Fluminense Precisa entender

 

A partir do momento em que o Fluminense ganhou a libertadores e tem um objetivo de se tornar um clube internacional,como exige a tendência moderna,a postura do clube tem que mudar.

Se nós observarmos a história do Fluminense,ele é um clube republicano típico ,influenciado pela República Velha:divisão estrita do poder,austeridade,um elitismo cultural até certo ponto legitimo.

O Fluminense é o clube da elite intelectual e criativa do Brasil.Nem sabia que Santos Dumont  era sócio ...

Mas como corolário desta origem tradicional o Fluminense nunca foi um clube de ambição propriamente.Com a exceção de alguns poucos momentos ,o conceito que sempre definiu o Fluminense era o de “ timinho campeão” da década de 50 principalmente.

Francisco Horta rompeu com isto,mas nem o sucesso de sua gestão o fez se reeleger.A pressão da torcida para que a aventura dele prosseguisse, ão refletiu no quadro de sócios.E a derrota foi e é definitiva.

Aquele sentimento de continuidade da ambição que s e rompeu se recoloca hoje.E os dirigentes,o técnico e os jogadores precisam entende-lo:o Fluminense tem que jogar como os grandes times de massa do Brasil,como se sofresse esta pressão comum ao Corinthians,ao Flamengo,ao Atlético,enfim.

Acabou a era do “ timinho campeão”,dos bons times que ganhavam,mas não encantavam.

Na terça-feira passada o Fluminense tinha o jogo contra o Bahia,à sua feição,mas recuou e deixou um time mediano vencer.Na primeira rodada foi algo parecido.

Amanhã,no jogo contra o Vasco,um time mediano também,vai ser a mesma coisa:vai ressuscitar o morto.E eu aposto que o Diniz não aprendeu com o último jogo contra o Vasco,porque ele já decidiu colocar o Marcelo na lateral esquerda e foi por ele que o Vasco quatro gols na partida do campeonato brasileiro do ano passado.O técnico do Vasco é o mesmo.Já vejo tudo...

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Recomendações a Diniz II

 

Continuando a ajudar o técnico Diniz(e ao Fluminense ora esta!),na construção de alternativas ao seu sistema tático,eu quero lembrar o jogo do Mundial,contra o city:o que mais me impressionou no time inglês foi que ele jogou o tempo todo(e jogaria na prorrogação)no campo do Fluminense,sem nenhuma quebra de continuidade.

Uma das posturas táticas que devem estar presentes no sistema do Diniz esta é uma delas:ter preparo físico,para poder,contra certos times ,usar, ainda que não o tempo todo o esforço físico continuado.

Contra times que não são muito fortes  esta atitude tática tem como resolver o jogo rapidamente,facilitando as coisas para o Fluminense,que aí então administra a sua vantagem,poupando as forças do time,para outros jogos,inclusive.

Não tem como não contribuir para a melhoria do Fluminense,que não está em ascensão ,mas tem chance de melhorar.

Dentro destas reflexões iniciais o Fluminense urgentemente tem que rejuvenescer.Se o Fluminense agora tem mais condições financeiras deve investir racionalmente em jogadores mais jovens porque os do ano passado,a espinha dorsal do ano passado, está envelhecendo e já demonstra dificuldades.

O Fluminense usou como justificativa de um certo desinteresse quanto ao campeonato estadual,o “bom” fastio da vitória na Recopa.E isto se casaria perfeitamente com o objetivo de internacionalização.

Só que nela,na internacionalização, entram também os campeonatos “ brasileiros”,entre os quais os estaduais estão.

Não venham com esta de se preocupar só com o que acontece no exterior.Não é isso não.É continuar um grande clube brasileiro e se atar definitivamente a uma carreira sólida lá fora.

domingo, 14 de abril de 2024

Duas ou três palavras(brutais) Sobre as organizações de esquerda II O truque

 

Todo o truque de máfia reside em você justificar certas violências corriqueiras,certas agressões,verbais inclusive,sob o argumento de que a luta eventual e futura exige que o militante esteja sempre atento e preparado para enfrentar estas coisas.

Na verdade,supostamente,todos se gostam,mas de fato este “ truque”  da “ desconfiança organizada”,revela que o amigo de hoje e de agora pode ser o seu inimigo e algoz desde sempre num processo de autofagia “ revolucionária”.

E sempre ocorre na suposição de que a qualquer momento o partido pode ter que pegar em armas e enfrentar coisas piores.É para saber se você aguenta pressão,como se você estivesse no Bope.

Contudo a esfera civil é diferente da esfera militar ou de guerrilha.A intersecção entre estes dois momentos nas organizações comunistas e radicais favorecem,no final,a interesses ditatoriais,principalmente porque fica longe ,no horizonte, a perspectiva de luta “ militar” e não tem sentido usar estes critérios na vida civil.

Mais do que isto o “ núcleo duro” da organização se sente dono dos “ idealistas” e “ incautos”,inclusive na esfera pessoal(tema que eu vou tratar no próximo artigo)e toma decisões ,em nome da “ segurança do grupo”,invadindo a sua vida de militante e pessoal.

Meu pai comunista e stalinista,que totalitariamente,juntava a família com o partido tomou decisões atinentes a mim,inclusive ilegais,sem me contar e me dar satisfações.

No partido onde eu militava,o PCB ,houve uma reunião  sobre se eu deveria entrar ou não ,em que eu não fui chamado.Quando reclamei a “ comissão de ética” mandou eu relevar.

Eu fui nesta crescente de mau-caratismo até sair em 83 e até hoje  não consigo sair.Ninguém me larga.A minha vida pessoal continua deles.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

O significado da morte de Ziraldo

 

Eu não quero parecer moralista ou saudosista.No mundo em que nós vivemos há muitas coisas positivas:a juventude se tornou mais forte,no sentido de não cair no drama e entender mais e melhor o mercado.

Por outro lado a criança se tornou mais sexual:meninas grávidas aos treze anos são frequentes.`

Pensar numa figura de criança como o “Menino Maluquinho”,sem nenhum laivo de sexualidade marca um ponto para o passado,sem saudosismo,já disse.

E pensar nas preocupações culturais de Ziraldo e dos esforços que ele fazia  para associar a sua arte à educação.Embora não fosse acadêmico vivia brotando de sua cabeça do povo,do produtor cultural oriundo do povo, idéias e mais idéias ,para melhorar a condição de  aprendizado das crianças,antes de discutir questões propriamente sexuais,que hoje vêm antes da formação.

No passado estas coisas já existiam mas se tornaram dominantes em função de interesses midiológicos de poder e de dinheiro,que cultuam o corpo,inclusive e principalmente dos mais jovens,para reproduzir o capital e concentrá-lo na mão de poucos.

A morte de Ziraldo põe a questão de como fica a resistência cultural brasileira,que com a morte de outros,nos anos recentes,se vê seriamente comprometida.

A sua morte implica em mais dificuldades para os que permanecem aqui(por enquanto),vivendo neste “manicômio” dinheirista,que é o mundo atual das fake News.

Ele mesmo, Ziraldo sofreu,em plena democracia,censura e repressão quando publicou a verdade sobre o Brasil,na revista BUNDAS (a revista que é a cara do Brasil).

Era o sinal do que estamos presenciando hoje:o fim da resistência cultural e humana(?).

Lula e a democracia

 

A fala de Lula sobre a Venezuela não é suficiente.Em politica um elemento só do discurso não é capaz de dar prova das intenções do politico que o expressa.

Porque uma fala solitária pode ser usada para outros fins que não a construção da verdade e da democracia.

Ao longo da história nós vemos exemplos:quantas vezes no cinema americano as duas posições,democrata e republicana são reconhecidas nos filmes,num debate extra-partidário,mas cultural?

No tempo  de Brejnev e no rastro dos acordos de Helsinque o secretário-geral permitiu que fosse fundado um jornal underground e alternativo(como o Pasquim  aqui no Brasil)critico ao regime.

Conta-se uma anedota de que numa das edições,uma caricatura de Brejnev junto à sua mãe tinha os dizeres desta ultima: “Se eu soubesse que você chegaria aqui eu teria mandado você estudar”(kkkk).

Mas isto não significa democracia,que a democracia voltou na URSS,em 1978.Isto é democratismo como tantas vezes tenho falado aqui.E na verdade serve ao propósito de manutenção da ditadura.

Não estou dizendo que o Pasquim cumpria este papel ,mas no fundo a nossa ditadura alegava que a presença de críticos desta natureza só confirmava que não havia regime militar,mas uma...democracia mesmo...

Ao condenar a Venezuela, o caminho de compromisso real com a democracia,começou,mas não é suficiente.

Porque depois, fatos subsequentes justificam uma aliança com este país e seus rompantes e o que foi construído vai por agua abaixo.

E não s e deve depender  deste fatos subsequentes.Há que se adiantar e provar culturalmente o compromisso com a democracia e o estado de direito.

É pouco,ainda.